5 Coisas que Toda Mãe Precisa Saber Sobre o Intestino do Bebê (e Ninguém Ensina)

Você já ficou em dúvida se o cocô do seu bebê estava normal?

Talvez ele tenha passado vários dias sem evacuar… ou tenha soltado fezes verdes e espumosas. E você, preocupada, pensou: “Será que ele está com alergia? Está com dor? Está doente?”

A verdade é que o intestino do recém-nascido funciona de maneira muito diferente do nosso — e pouca gente fala sobre isso com clareza.

Neste artigo, você vai entender como o intestino do bebê se desenvolve, quais sinais são normais, o que deve acender um alerta e como cuidar da saúde intestinal do seu filho desde os primeiros dias de vida.


1. O intestino do recém-nascido é imaturo (e isso é totalmente normal)

Ao nascer, o intestino do bebê ainda está em fase de maturação.
Ele precisa aprender a:

  • digerir e absorver nutrientes com eficiência;
  • movimentar-se de forma coordenada (motilidade intestinal);
  • formar uma microbiota saudável (as “bactérias do bem”);
  • controlar inflamações e selecionar o que pode ou não atravessar a barreira intestinal.

Esse processo demora semanas ou até meses, e durante esse tempo, é comum que o bebê:

  • tenha ruídos intestinais intensos (borborigmos);
  • solte gases com frequência;
  • alterne entre evacuações frequentes e períodos sem cocô;
  • tenha cólicas mesmo se alimentando bem.

📌 Isso se deve ao reflexo gastro-cólico, ao peristaltismo ainda imaturo e à construção da microbiota.


2. O mecônio é o primeiro cocô do bebê — e diz muito sobre o funcionamento intestinal

O mecônio é a primeira evacuação do bebê. Ele é espesso, pegajoso e de cor preta-esverdeada.

Sua composição inclui:

  • bile;
  • líquido amniótico ingerido durante a gestação;
  • células descamadas da mucosa intestinal;
  • secreções produzidas no útero.

Apesar de parecer estranho, o mecônio é um sinal positivo de que o trato gastrointestinal do bebê está funcionando.

🧠 Estudos mostram que atrasos para a eliminação do mecônio podem estar associados a doenças como a doença de Hirschsprung, atresia intestinal ou hipotireoidismo congênito.

📚 Referência: Neu J. Gastrointestinal development and the role of nutrition. Pediatric Clinics of North America. 2009.


3. O tipo de parto influencia diretamente na formação da flora intestinal

Durante o parto vaginal, o bebê entra em contato com as bactérias da flora vaginal e intestinal da mãe.
Esse contato é o ponto de partida para uma colonização saudável da microbiota intestinal, que influencia diretamente a imunidade, a digestão e até a resposta a vacinas.

Já no parto cesáreo, o bebê é colonizado inicialmente por bactérias da pele e do ambiente hospitalar — o que pode:

  • Atrasar a formação da microbiota benéfica;
  • Favorecer o crescimento de bactérias patogênicas;
  • Aumentar o risco de alergias alimentares, infecções e doenças autoimunes.

📚 Referência: Dominguez-Bello MG et al. Delivery mode shapes the acquisition and structure of the initial microbiota across multiple body habitats in newborns. PNAS. 2010.


4. A cor e a frequência do cocô podem variar muito — sem significar doença

Cocô amarelo, verde, espumoso, com grumos ou ácido?
Sim, tudo isso pode ser normal, principalmente em bebês alimentados exclusivamente com leite materno.

🔹 Bebês podem evacuar de 8 a 12 vezes ao dia, ou ficar até 7–10 dias sem evacuar, especialmente após o primeiro mês.
A frequência depende do tipo de leite, da maturação neurológica e da flora intestinal.

🔸 A única preocupação deve surgir se houver:

  • fezes com sangue;
  • cocô branco (acolia fecal);
  • fezes com odor pútrido e aparência oleosa (má absorção);
  • associação com febre, prostração ou distensão abdominal.

📌 Fezes esverdeadas, por exemplo, podem ocorrer por trânsito intestinal acelerado, excesso de leite anterior ou adaptação à fórmula.


5. O leite materno é o maior protetor da saúde intestinal do bebê

O leite materno é mais do que nutrição.
Ele atua como um imunomodulador natural e favorece o desenvolvimento da barreira intestinal e da microbiota saudável.

Seus principais componentes protetores incluem:

  • Oligossacarídeos (HMOs): alimentam as bactérias benéficas do intestino;
  • Imunoglobulina A (IgA): protege contra vírus, bactérias e alérgenos;
  • Fatores de crescimento: ajudam a reparar e desenvolver a mucosa intestinal.

📌 O leite materno também ajuda a proteger contra cólicas intensas, alergias alimentares e infecções intestinais.

📚 Referência: Walker WA. Role of nutrients and bacteria in the development of intestinal host defense. J Pediatr. 2010.


Quando é hora de se preocupar?

👉 Se o seu bebê apresentar qualquer um dos sinais abaixo, procure um gastropediatra:

  • Sangue nas fezes (hematoquezia);
  • Vômitos em jato ou biliosos;
  • Falta de ganho de peso;
  • Constipação com distensão e dor;
  • Irritabilidade excessiva sem causa aparente.

Enfim…

O intestino do bebê é um órgão em desenvolvimento, e isso exige da família mais paciência, observação e, principalmente, informação de qualidade.

Saber o que é normal e o que merece atenção é o que traz tranquilidade nos momentos de dúvida e evita intervenções desnecessárias.

✨ Você não precisa de achismos. Precisa de orientação segura.

👩🏻‍⚕️ Eu sou a Dra. Geruza Hendges, médica gastropediatra, e ajudo famílias a entenderem de forma clara como funciona o intestino do bebê — com ciência, sensibilidade e acolhimento.

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Minha trajetória

Minha formação começou na Universidade Católica de Pelotas (UCPEL), seguida por residência em Pediatria e especialização em Gastroenterologia Pediátrica, área que me encantou pelo contato direto com as famílias e pelo cuidado com problemas gastrointestinais na infância.

Hoje, no consultório, uno ciência e acolhimento, oferecendo um atendimento humano, atualizado e focado em construir, junto com cada família, o melhor caminho para a saúde das crianças.

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