“Seu leite não é fraco. Mas talvez você esteja precisando de ajuda.”
Essa frase, que ecoa como um mantra de apoio e compreensão, é o ponto de partida para desconstruir um mito que assombra muitas mães: a crença de que seu leite materno não é suficiente para nutrir o bebê.
Como gastropediatra, acompanho de perto essa jornada desafiadora da amamentação e sei que a realidade é muito mais complexa do que a simples dicotomia “leite forte” versus “leite fraco”. Neste artigo, vamos explorar os segredos por trás de uma amamentação bem-sucedida, desmistificar crenças populares e oferecer um guia prático para mães que buscam o melhor para seus filhos.
A Dúvida que Pesa: Quando a Insegurança Se Instala
Muitas mulheres, diante de um bebê que chora, ganha pouco peso ou apresenta outros sinais de desconforto, são bombardeadas com opiniões alheias que questionam a qualidade do seu leite.
A insegurança se instala, a autoestima materna é abalada e a amamentação, que deveria ser um momento de conexão e nutrição, se transforma em fonte de angústia e frustração.
É fundamental lembrar que a amamentação é um processo complexo e multifacetado. Nem sempre os problemas estão relacionados à composição do leite materno.
Desvendando os Segredos da Amamentação: O Que Realmente Importa
Na maioria das vezes, o problema não está no seu corpo. Está na pega, na técnica, no intestino do bebê… ou na sua exaustão.
A amamentação vai muito além da produção de leite. Diversos fatores podem influenciar essa experiência e o bem-estar do bebê. Veja os principais:
A pega correta
A forma como o bebê se conecta ao seio materno é crucial para uma amamentação eficiente e confortável.
Se o bebê não abocanha a aréola, se o queixo não encosta no seio ou se você sente dor ao amamentar, algo está errado.
A pega precisa ser profunda, com lábios virados para fora e sem estalos.
Uma pega inadequada pode causar dor nos mamilos, baixa produção de leite, ganho de peso insuficiente e ingurgitamento mamário.
A técnica adequada
Além da pega, a técnica de amamentação também é essencial.
É importante garantir que o bebê esteja bem posicionado, que a mãe esteja confortável e relaxada, e que a duração e frequência das mamadas estejam adequadas.
A saúde intestinal do bebê
Cólicas, refluxo gastroesofágico e alergia à proteína do leite de vaca (APLV) são problemas comuns que causam desconforto e interferem na amamentação.
Se o bebê mama com dificuldade, engole ar, não esvazia a mama ou sofre com gases, ele pode chorar por desconforto — não por fome.
Um gastropediatra pode ajudar a identificar e tratar essas causas.
O bem-estar da mãe
Exaustão, estresse e ansiedade afetam a produção de leite e a capacidade de amamentar.
A mãe precisa de apoio, descanso e cuidado com sua saúde física e emocional.
A Importância do Apoio Especializado: Você Não Está Sozinha
A amamentação é natural, mas nem sempre é fácil. Contar com o suporte de um gastropediatra pode fazer toda a diferença.
Esse profissional pode ajudar a:
- Avaliar a pega e a técnica de amamentação
- Identificar e tratar problemas como cólicas, refluxo e APLV
- Oferecer suporte emocional e prático para lidar com a exaustão e o estresse
- Garantir que o bebê esteja recebendo nutrição adequada para um crescimento saudável
Buscando Ajuda: Quando Procurar um Gastropediatra
Embora muitas dificuldades possam ser resolvidas com orientação, alguns sinais pedem avaliação especializada:
- Ganho de peso insuficiente
- Vômitos persistentes ou em grande quantidade
- Presença de sangue nas fezes
- Irritabilidade excessiva ou choro inconsolável
- Sinais de desidratação
- Histórico familiar de alergias alimentares
Você não está sozinha nessa jornada.
Com informação, apoio e profissionais capacitados, a amamentação pode ser mais leve, segura e prazerosa — para você e para o seu bebê.
Manual de Gastroenterología Pediátrica, Segunda Edición 2021, Comité Editor: Dra. Teresa Alarcón O., Dra. Rossana Faúndez H., Dra. Marcela Godoy P., Dr. José Luis Roessler B.